Vimos este texto no facebook "A idade é só um número" e realmente é uma coisa pela qual passamos muitas vezes.
Por vezes, quando saímos com o nosso cão, as pessoas abordam-nos para lhe fazerem festinhas. Muitas perguntam "que idade tem ele?", uma pergunta normal, se não fosse seguida por um "ohh coitadinho", mas coitadinho do quê? Ele tem 16 anos, não tem nenhuma doença grave, está bem tratado, anda, corre, brinca, dorme, come, tudo o que os cães mais jovens fazem, porquê "coitadinho"? Está certo que não aguenta a pedalada dos outros cães, mas se pensarmos bem, aguentaremos nós a pedalada de uma criança? Já é difícil saber que ele tem 16 anos, sem saber quanto mais tempo ele vive, não precisamos de comentários desse género.
Felizmente nem todas as pessoas são assim e muitas nos dizem que ele está bem conservado e nem parece ter a idade que tem, nós agradecemos sempre por estes comentários, pois são elogios bem mais simpáticos (nem têm comparação) que um "oh coitadinho".
Era tão bom que as pessoas se lembrassem, e passamos a citar uma pequena parte do texto, que "Quando se abordam pessoas como a minha amiga, ajuda lembrarmo-nos que ela sabe que o seu cão é velho. Ela sabe-o em cada segundo de cada dia."
Aqui fica o texto completo:
"Uma chamada de atenção para melhorar a nossa etiqueta com os cães mais velhos.
Por Susan Seligson
Como qualquer outra pessoa numa sociedade que cada vez mais lamenta a redução do civismo, reconheço que há novas quebras de etiqueta a cada minuto. Por exemplo, num qualquer dia, os telemóveis são responsáveis por um factor de descortesia fora da escala.
Mas penso que há um tipo de comportamento indelicado entre os adultos humanos que basicamente não é controlado. Eu própria fui culpada dele e afastei-me sentindo-me realmente estúpida. É uma daquelas coisas que não chega aos manuais de etiqueta e aparentemente nem sequer é digno uma consideração fugidia por qualquer Paula Bobone.
Refiro-me às coisas rudes, completamente sem censura e frequentemente simplesmente más que as pessoas nos dizem sobre os nossos cães (por “nós” refiro-me ao pessoal dos cães). A minha grande amiga Pam tem um Pastor Alemão de 12 anos que está a envelhecer a olhos vistos. Tal como ocorre com qualquer um de nós, humanos e caninos, mas que pessoa seria tão rude a ponto de dizer: “Essa é a sua mãe? Ena, está com um aspecto terrível. Mal se pode mexer!” No entanto este é o tipo de lamechices não solicitadas que a minha amiga tem de aturar de estranhos, o dia todo, sobre o seu cão idoso. Posso simpatizar porque passei por isto três vezes, começando com o Beagle da minha família, o Sam, que viveu até quase aos 17 anos, a maioria deles principalmente por força de vontade.
“Que idade tem?” As pessoas perguntavam isto incessantemente sobre o meu agora-defunto Setter Irlandês, o Amos. Não me importava de lhes dizer que tinha 12 ou 13 anos. “Ena. Não vivem muito mais, pois não?” Quão esfarrapado é isto?
Mas ainda fica pior. Quando o meu grande e lanudo rafeiro Louie (chamávamos-lhe o nosso “cheira-virilhas da Bavária”) estava velho e frágil, uma pessoa uma vez perguntou-me, “Já pensou em abatê-lo?”. Antes de mais, isso é um bocado como perguntar a uma mulher nos seus 40s (isto também me aconteceu), “Alguma vez pensou em ter filhos?”. “Hmm, ora que bela ideia! Porque é que eu não pensei nisso?”. Quando o nosso cão está velho e doente, praticamente só conseguimos pensar no fim. O nosso coração está despedaçado e preparamo-nos para chegar à decisão de forma a evitar sofrimento desnecessário ao nosso cão enquanto nos damos tempo para nos sentirmos tão tranquilos quanto possível em relação a deixá-lo partir.
As pessoas assumem que podem dizer o que quiserem sobre o cão de um desconhecido. Enquanto que (espero) abster-se-iam de dizer “Desculpe, mas parece que o seu marido está a perder o cabelo”, quando o Louie estava a sofrer da doença de Cushing, perfeitos desconhecidos constantemente assumiam o dever de apontar a sua perda de pêlo. “Sabia que o seu cão está a perder o pêlo?”. E que mais podemos fazer para além de resmungar, ahm, sim, é o meu cão, é parte da minha família, estou quase sempre com ele, dou-lhe banho, escovo-o, dorme connosco e ao longo de quase todas estas actividades, se não em todas, estou a olhar para ele! E lembro-me sempre demasiado tarde que podia ter respondido “Sabe que tem uma verruga no sei queixo?”.
A Pam chegou ao ponto de recear passear o seu cão em público porque sabe que os transeuntes vão fazer comentários insensíveis que ela não consegue mais ouvir. Quando está na rua, ela é suficiente sensível para não recordar todas as pessoas com quem se cruza que são mortais. Tal como qualquer um de nós, consegue ver quando uma pessoa está nas últimas, mas abstém-se de dizer “Ena, está mesmo mais lento” ou de perguntar à filha da pessoa “Então e quanto tempo é que as pessoas da sua família tendem a viver?”. Quando se abordam pessoas como a minha amiga, ajuda lembrarmo-nos que ela sabe que o seu cão é velho. Ela sabe-o em cada segundo de cada dia.
Os últimos anos e meses que partilhamos com os nossos cães geriátricos são dos tempos mais agridoces da vida dos amantes de cães. Sabemos, desde o momento que os escolhemos em cachorros ou olhamos para o seu olhar cristalino no refúgio de animais, que os nossos corações se irão despedaçar um dia. O que torna tudo pior é que quanto mais velhos vão ficando, mais doces vão ficando, e quando alcançam uma doçura absolutamente crítica– simplesmente não se pode amá-los mais do que o que se ama já – ficam completamente exaustos e morrem. Pelo que uma pessoa que pacientemente ajuda um cão idoso no seu percurso cada vez menor é alguém que poderia beneficiar de um pouco de contenção piedosa. Como um simples olá ao dono, ou uma festa carinhosa na cabeça do canito emérito."
Fonte (tradução): http://aradik-dogs.blogspot.pt/2011/12/etiqueta-para-com-caes-idosos-e-os-seus.html
Artigooriginal (inglês): http://thebark.com/content/be-gentle-i-know-my-dog-old